Abandonei o longo silêncio, o ponto-e-vírgula da insônia, as madrugadas de espremer palavras da memória. Retornei ao grafite, este mineral, escrevendo sem pensar se acompanharia ou não o tempo real, se as letras seriam ou não pregadas em post-it. Larguei a terceira pessoa e a espera por enredos.
Sim, havia uma confusão de nós, um emaranhado de vozes, a perda das pontas do fio da meada.
Mas que meada?
Mas que tola tentativa de dar sentido foi essa?
Não há direção
Não há extremidades
Não há fixo
Não há o todo, concluo.
Não há corpo no texto.
Aqui reúno somente o estilhaço de fígado, pescoço, pernas e afins.
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Pulo linhas para um novo começo.
A pauta me faz parecer ainda mais partida.
E o desejo de completude é o que me mata.
Morro.
Giro em espiral
no caldo vermelho-sangue
nas ondas de sal
desta panela.
Não chego.
Mexo
Remexo
Não caibo.
Retorno às esperas e ao abandono das mulheres.
Leio para chamar o sono, mas já bocejo.
Páro.
Assim renasço.