[evelope azul exato]

Luísa,

Eu sei que eles vão me pegar lá fora. Você deve estar se perguntando quem? Eu digo: os cães. Mesmo assim, publicarei.
Envio neste envelope tudo reunido em espiral. Mandei uma cópia também pra Chará (por onde anda ele?), pro Ney, pro Eugene (será que ele lembra de uma aluna silenciosa como eu?), para Marina, para Raimundo, Eduardo, e o Raul, é claro, e também a Bia, a Lídia e a Anaís.
Leia como quiser. Abra ao acaso, de um lado ou de outro, comece terminando, termine começando... de todo jeito, estarei eu aqui, em pedaços, desaparecida. Não sei quando volto, se volto um dia. Mas sei que aqui, permaneço. Uma espécie de sobrevida, sabe como é?

Não esqueça de se anotar aqui. Desenhe junto comigo.

É doce morrer no mar, minha amiga. É Caymmi que canto enquanto escrevo.

Vai assim esse bilhete meio suicida. Já te disse que acho os surfistas de uma coragem suicida? Então: é tempo de surfar ao invés de navegar.

Deixa eu ir senão não termino nunca.

Um beijo,

Luíza