Brasília é uma moça pálida de cabelo cor de fogo e de olhar perdido, de quem conheço os mais íntimos segredos. Ela também conhece os meus e faz tudo parecer tão imenso e abstrato que foi em sua casa de concreto que me vi acolhida para existir, sem medidas. Junto dela vivemos num eterno ser tão. Vivo com ela e me encontro nela. Como irmã de criação, ela ensinou a mim quase tudo. Foi com ela que aprendi a florescer o meu sertão e a dançar no meu jardim. Ela me leva para sua casa, que é no céu, e me ensina a voar nas madrugadas, sem que nenhum flash ao vivo nem congressistas infames descubram sua verdadeira fortuna. Sento em seu sofá e gargalho com seus filhos e adotivos, que são também meus irmãos.