Sejamos agora, agosto. Como pude dizer isso? Como pude bolir com agosto, tão atrevida? Agosto, o agora preeminente, pró-iminente. E agora assisto a essa enxurrada de agoras. Tudo está agora mas minha imagem é estática: o único movimento que assisto é das formigas nos fios. Os restos das colheres estão cheios de formiga e já não consigo manter essa casa funcionando. Eu própria parei, diante da velocidade das coisas e tudo que consigo acompanhar é a velocidade da formiga nesses fios. Escrever é a única coisa que pode te salvar, uma voz disse. Clichê barato que multiplica mais e mais as linhas – quase uma espécie de fermento royal: escrever é terapia.
Pelo menos meu drama é fértil. É preciso dar frutos. Orgânicos! Movimento de intelectuais orgânicos e integrais. Intelectuais, puf...
É hora de terminar os livros pela metade. Como? Se eu mesma sou metade de alguém. Metade separada deste corpo interferido. Esta prótese que carrego, que arrasto. Meu corpo, meu corpus, meus ais, meu, meu, meu... Mas não consigo me livrar de ser consciente neste inconsciente coletivo – porque eu sei dos assujeitamentos e é praticamente um caminho sem volta.
Parei de ler o Caetano outra vez. Agora mesmo. Parei. É impossível terminar os livros em meio a essas urgências. Sim, porque é um agosto urgente... inchado.
Por favor, saiam todos. Não consigo escrever com vocês aqui. Vamos, saiam: Adalbertos, Tânias, Andrés, Reginas, Cristinas... Eu preciso escrever uma peça! Por favor, saiam.
Obrigada.
O Sertão é uma espera enorme. Rosa. Foi isso que eu passei fazendo aqui? Esperando? Como aquela moça que leu minha borra de café e disse: te vejo sentada, a mão no queixo, esperando. Foi uma imagem tão melancólica porque o que eu sentia era que eu estava justamente esperando. O pior é que era a espera por outro alguém. Mas hoje penso, será que passei esses longos e intensos quinze anos neste sertão, sentada, com a mão no queixo, esperando? E, agora, que eu estou indo embora tudo quer acontecer?
A sina dos nômades é morrer de saudade, eu disse, mas eu não quero essa morte. Não há bebida que beba a saudade. Rôrô.
Eu não vou conseguir cenas, meus amigos, me desculpem. Eu só sei escrever monólogos... e materiais didáticos institucionais.
E quanto ao movimento contra o barrigacentrismo, militantes, me desculpem, mas ainda não pus em prática as muitas vintequatro horas do dia (observo a formiga andando no caderno) o nosso bordão e insisto correr pro espelho assim que acordo. Mas repito repetidas vezes (formiga) o nosso mantra: abaixo a neurose. Abaixo o narcisismo. Duas formigas. Meu Deus, estou entregue às formigas. Podem vir, devorem esta draga velha cheia de açúcar, proteína e carboidrato.
Incidental: levanto e ponho Pão Doce, com Calcanhoto.
Não. isto precisa ser mais dramático. Muito dramático, ouviu?
Incidental: levanto e ponho Sol de Primavera, com Beto Guedes.
Se 80 foi a ressaca, será que depois de 2000 voltamos a estar de porre?
Pelo menos meu drama é fértil. É preciso dar frutos. Orgânicos! Movimento de intelectuais orgânicos e integrais. Intelectuais, puf...
É hora de terminar os livros pela metade. Como? Se eu mesma sou metade de alguém. Metade separada deste corpo interferido. Esta prótese que carrego, que arrasto. Meu corpo, meu corpus, meus ais, meu, meu, meu... Mas não consigo me livrar de ser consciente neste inconsciente coletivo – porque eu sei dos assujeitamentos e é praticamente um caminho sem volta.
Parei de ler o Caetano outra vez. Agora mesmo. Parei. É impossível terminar os livros em meio a essas urgências. Sim, porque é um agosto urgente... inchado.
Por favor, saiam todos. Não consigo escrever com vocês aqui. Vamos, saiam: Adalbertos, Tânias, Andrés, Reginas, Cristinas... Eu preciso escrever uma peça! Por favor, saiam.
Obrigada.
O Sertão é uma espera enorme. Rosa. Foi isso que eu passei fazendo aqui? Esperando? Como aquela moça que leu minha borra de café e disse: te vejo sentada, a mão no queixo, esperando. Foi uma imagem tão melancólica porque o que eu sentia era que eu estava justamente esperando. O pior é que era a espera por outro alguém. Mas hoje penso, será que passei esses longos e intensos quinze anos neste sertão, sentada, com a mão no queixo, esperando? E, agora, que eu estou indo embora tudo quer acontecer?
A sina dos nômades é morrer de saudade, eu disse, mas eu não quero essa morte. Não há bebida que beba a saudade. Rôrô.
Eu não vou conseguir cenas, meus amigos, me desculpem. Eu só sei escrever monólogos... e materiais didáticos institucionais.
E quanto ao movimento contra o barrigacentrismo, militantes, me desculpem, mas ainda não pus em prática as muitas vintequatro horas do dia (observo a formiga andando no caderno) o nosso bordão e insisto correr pro espelho assim que acordo. Mas repito repetidas vezes (formiga) o nosso mantra: abaixo a neurose. Abaixo o narcisismo. Duas formigas. Meu Deus, estou entregue às formigas. Podem vir, devorem esta draga velha cheia de açúcar, proteína e carboidrato.
Incidental: levanto e ponho Pão Doce, com Calcanhoto.
Não. isto precisa ser mais dramático. Muito dramático, ouviu?
Incidental: levanto e ponho Sol de Primavera, com Beto Guedes.
Se 80 foi a ressaca, será que depois de 2000 voltamos a estar de porre?