Quem disse que era fácil? – foi a pergunta que apareceu depois de entrar naquele quarto que mais parecia uma jaula embora fosse o lugar que mais encontrara ar. Como pode? – continuou a perguntar. Estou só com uma multidão na sala de jantar. – foi a única afirmação que lhe dera algum fôlego, apesar da sensação dos sufocados continuar, ali. O que foi feito de tudo? Onde está a outra parte de mim? As muitas partes de mim? Será que eu perdi tudo que construí neste disco rígido? – perguntas metralhadas e ritmadas à respiração ofegante provocada pelo choro. A vontade era de encher as paredes estreitas do quartinho com um monte de interrogações do tipo “que tipo de piscina terá embaixo desse trampolim?”. Quando fevereiro partir, quem será eu? Tudo que tenho de certo está em fevereiro. Tudo que passa de março não tem esboços nem fotogramas na minha pré-visão do tempo. – pensou, trancada, naquelas derradeiras horas de janeiro.